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Programa Teresa de Benguela promove empoderamento de mulheres quilombolas

Publicado por: Campus Várzea Grande / 27 de Setembro de 2019 às 17:36

Curso FIC selecionado pelo programa realizou aula inaugural na Comunidade do Chumbo, com participação do Coral IFMT-VG e do Reitor do Instituto

O Instituto Federal de Mato Grosso - IFMT Campus Várzea Grande realizou no dia 14 de setembro de 2019, na Comunidade Nossa Senhora do Chumbo, em Poconé, a Aula Inaugural do Curso de Formação Inicial e Continuada - FIC de Agente de Desenvolvimento Socioambiental, parte do projeto RACISMO AMBIENTAL: Flores do Cerrado do Pantanal, contemplado pelo Programa Teresa de Benguela (Edital 26/2019-RTR/PROEX/ATIVA). O evento contou com a participação do Reitor do IFMT, Willian Silva de Paula, do Chefe do Departamento de Ensino do campus, João Bosco Beraldo, do Presidente do Conselho Municipal de Educação de Poconé MT, João Clarindo da Silva, de vários professores do curso, bolsista e do Coral IFMT-VG.

Segundo a Coordenadora do projeto, Giovana Rosangela Ferreira Mendes, as 50 (cinquenta) estudantes irão sair com um curso profissionalizante e certificado FIC. "A gente espera, depois disso, estar plantando uma sementinha, para que se espalhe por outras comunidades locais", declarou. "Eu penso que o curso visa muito também a questão do empreendedorismo social, então ele vai abrir um leque, inclusive porque elas já fabricam banana chip, remédios, e isso eu acho que pode resultar num produto, e fora esse produto, na questão do conhecimento, acho que elas podem ajudar o município a preservar, a conservar, sensibilizar para a questão ambiental. Depois, elas podem contribuir com a gestão, inclusive, para levar melhorias não só para a comunidade, mas para todo o município de Poconé", explicou Giovana.

Para a bolsista do projeto, Luiza Mikaele Ferreira leite de Oliveira, "a aula inaugural no Chumbo teve uma importância muito grande, pois foi ver um projeto, que até então estava somente nos nossos sonhos e planos, saindo do papel para a realidade, e ver a mobilização do campus, da professora Giovana e da alunas, que tanto nos aguardavam, foi a maior recompensa que eu tive". "O sorriso estampado no rosto delas, por saber que alguém finalmente estava olhando por elas, pras necessidades dela, me deixou emocionada e espero que possamos colher muitos frutos naquela Comunidade, que esse seja somente o pontapé inicial para uma parceria muito maior", afirmou Luiza.

João Clarindo da Silva, professor de Poconé MT, acredita que esse curso vem sendo um encontro muito positivo, "porque ele traz um empoderamento para a comunidade, até mesmo porque ela se tornou uma comunidade núcleo, onde atende toda as comunidades circunvizinhas, que trazem seus alunos para cá, conhecer uma nova realidade e, sem dúvida, esse conhecimento, esse empoderamento das mulheres do distrito, ele vai ser multiplicado nas comunidades circunvizinhas, a partir das crianças que vêm para a escola para o distrito". Além disso, "a Secretaria de Educação de Poconé tenta fazer o máximo para incluir, e nessa inclusão, sem dúvida, ela vem devolvendo para a mulher, sobretudo a mulher do campo, aprender, ensinar e permanecer no campo", finalizou João.

Através de relatos das mulheres, Projeto Racismo Ambiental mostra sua importância

"Sou Berenides Conceição de Oliveira, popular Bibica, tenho 49 anos, mãe de três filhos, sou formada pedagoga, funcionária municipal da educação e sou filha da terra, meus pais, trabalhadores rurais, e moro aqui desde quando nasci. Entretanto, pra mim este curso, mesmo com todo o conhecimento que já tenho, com toda bagagem e tempo de serviço, eu tenho certeza de que ele vai somar muito para o meu crescimento profissional, até porque nós tivemos o privilégio de ter professores que estão vindo para trabalhar conosco, professores de alto gabarito. A gente tem, a comunidade, elogiado muito os profissionais que já conhecemos, desde a abertura. Nós estávamos numa expectativa muito grande pra essa abertura e foi uma abertura sensacional, com o Coral, com todo o pessoal que veio, o Reitor, todos os professores, e nós temos também a expectativa de que as coisas vão melhorar ainda mais, e temos a certeza de que todos os professores que virão são muito competentes. Então, isso vai somar pro nosso crescimento profissional, pessoal, espiritual e vai engrandecer também a nossa comunidade. Então ele pode melhorar a nossa vida no sentido da gente estar ampliando o nosso conhecimento, conhecendo pessoas novas, e ampliando também aquilo que a gente já tem consigo. Então eu tenho certeza que todos que virão vão deixar um pouco de si e levar um pouco de nós. Essa é nossa expectativa pra esse curso: que vai ser cada dia melhor. E, por fim, agradeço a oportunidade de ter me escolhido para dar meu depoimento."

Marinete de Almeida Lima e Silva, 39 anos, Professora: "Num primeiro momento eu gostaria de falar de como nós, enquanto quilombolas, enquanto mulheres, enquanto a classe menos favorecida, enquanto pessoas excluídas, pessoas oprimidas de seus direitos, o quanto a gente fica feliz em ter o IFMT, um Instituto Federal, presente na nossa comunidade, nos oportunizando de nos capacitar, pra defender nossos direitos, pra aprender um pouco mais e nos preparar um pouco mais pra viver nessa sociedade que é tão desigual. Nós ficamos muito contentes de ter o Instituto presente aqui, porque, nós enquanto mulheres, que vivem no campo, nós não temos oportunidade. Aqui na nossa comunidade, acho que 10%, se for, das mulheres, não chega a isso, consegue emprego, a maioria de nós casa na adolescência, e aí você vai ser mãe e dona de casa, sem nenhum meio de crescer, porque como a gente casa nova não tem como ir pra cidade e quando vai, muitas vezes não dá certo, vai viver nos piores lugares, nas piores profissões, por falta de capacitação. Então, esse é mais um dos fatores que nos deixa tão feliz de ter a oportunidade de estar fazendo um curso aqui, de ter tido o Reitor aqui, falando conosco, falando o quanto ele estava feliz em estar perto de nós, em estar trazendo pra nós o Instituto. Aí eu digo assim, como moradora, falei pra ele: Nós é que estamos felizes. Nós! Porque nós fomos vistas, através da Giovana, que veio até nossa comunidade, levou nosso nome e sensibilizou à todos, e que veio aqui e que tenho certeza que vai conhecer tantas histórias, que vai ser muito produtiva essa troca que a gente fizer, porque o Instituto vem aqui, vai conhecer nossa comunidade e nós, tendo o Instituto aqui, nós vamos ter a oportunidade de crescer, de ter essa formação nesse curso de 160 horas. A gente sabe que para entrar no mercado de trabalho a gente tem que se qualificar e pra qualificar dentro da nossa comunidade, tão acessível pra nós, não tem preço. Então, a gente só quer agradecer, em nome da Giovana, agradecer a todos os profissionais do Instituto Federal, por querer estar dentro da nossa comunidade e estar nos oportunizando de crescer um pouco mais."

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