No dia 02 de abril de 2018 estudantes do terceiro e quinto semestres de Gestão Pública do IFMT Várzea Grande participaram de uma atividade de "mediação simulada", realizada pelas professoras Hellen Bucair e Gabriela Monfredini. A proposta foi a interdisciplinariedade das disciplinas de "Instituições de Direito Público e Privado" (terceiro semestre) e "Negociação e Arbitragem" (quinto semestre), por meio de estudo de caso fictício para a tentativa de solução pacífica, por meio da mediação.
Como atividade preparatória, no dia 05 de março as turmas participaram de uma palestra ministrada pela árbitra Lidiane Cristina Silva Lima. Após a palestra, a turma do terceiro semestre foi dividida em dois grupos, onde cada grupo ficou responsável pelo estudo de dois Direitos Fundamentais: Direito de ir e vir e Direito de propriedade. Os alunos do quinto semestre se prepararam sob orientação da Mediadora, Lidiane Lima, que os orientou a assistir a simulação de uma mediação (disponível aqui) e contaram com a Professora Gabriela no desenvolvimento das técnicas utilizadas na mediação, assim como na escolha de qual mediação utilizar.
Durante a atividade realizada no dia 02/04, o quinto semestre foi representado pelos alunos Marcelo e Valdomira, que conduziram a mediação. Por sua vez, os alunos do terceiro semestre, devidamente fundamentados na Constituição Federal e em entendimentos jurisprudenciais, posicionaram-se, defendendo, de um lado o direito de ir e vir, associado ao direito de reunião em espaços públicos e, de outro, o direito de propriedade dos donos de shoppings centers, no sentido de que tratam-se de locais privados abertos ao público, possuindo, portanto, regras. A mediação foi realizada entre os dois grupos, na tentativa de solucionar o conflito.
Ao final, não houve acordo entre os grupos, sendo necessário o agendamento de nova sessão de mediação, situação que, segundo a professora Gabriela obedece ao que se espera da mediação que, não necessariamente, encerra com um acordo. De acordo com Gabriela, "na mediação, não há vencedores e nem perdedores e, sim, a auto composição, que é uma solução construída pelas partes, de forma cooperativa e integrativa, fazendo as partes enxergarem que não é o 'meu problema' e, sim, o “nosso problema”, desse modo, construir a melhor solução para o atual momento do conflito, enquanto ainda não existir a solução ideal pra o conflito. Uma vez que as partes conhecem melhor que ninguém (melhor que o juiz, que o advogado, que o mediador, etc) as causas do problema e consequentemente a melhor solução. Desse modo, podem construir juntas a solução para o conflito. Se não a solução definitiva, pelo menos a MELHOR solução naquele momento do conflito.Vale lembrar que na mediação não há insistência para que seja firmado um acordo, o mediador apenas facilita a comunicação, e se eles insistirem podem sofrer sanção por descumprir o Código de Ética".
Karen Silva, estudante do terceiro semestre, disse ter gostado muito da atividade. "Primeiro, porque houve uma preparação para isso, tivemos uma palestra com a Lidiane Lima, uma profissional que vivência a mediação. Ela foi generosa ao expor toda a sua experiência sobre a pratica da mediação. Com base nesse conhecimento, as professoras Hellen e Gabriella propuseram a simulação de uma mediação para as turmas de gestão. Cada aluno foi incumbido de representar um papel dentro do contexto da mediação e eu fiquei no papel de representar a defesa de uma das partes envolvida no caso. No final de tudo isso, conclui que não se trata de uma tarefa fácil, porque somos seres cheios de carga emotiva e a mediação requer muita imparcialidade e equilíbrio. Foi muito satisfatório participar da atividade. Mais do que teorizar em sala de aula precisamos de momentos assim que oportunizam a prática", explicou Karen.
Para Jorge Ribeiro de Almeida, também do terceiro semestre, "atividades como essa, que vão além de dar perguntas e respostas, proporcionam experiências edificantes, construtivas; não é só acúmulo de conteúdo, é aplicação prática da matéria".
Segundo Marcelo Guilherme de Souza, estudante do quinto semestre, "a mediação busca de uma forma amigável a resolução de conflitos dentro de uma perspectiva mais humanista, não onerosa e com certa rapidez que a prática implicitamente visa trazer às relações conflituosas existentes entre as pessoas e, assim, desafogar o combalido Poder Judiciário". Durante a mediação "fomos instigados a pôr em prática alguns dos conceitos aprendidos em uma situação fictícia de conflito entre dois sujeitos cujo caso tivera grande repercussão na região e, de uma maneira bastante inovadora, nossas professoras propuseram que fizéssemos na prática aquilo que diariamente ocorre nas salas de mediações, o diálogo e o encontro de soluções afim de pacificar o ambiente social", explicou.
"Foi muito gratificante poder participar na atuação, seja como parte querelante e a requerida, bem como os mediadores. Instigou ainda mais a vontade por conhecimento e a busca pelo convívio pacífico e fraterno entre as pessoas, seja por meio da conciliação de conflitos ou mediação das ideias que, postas à mesa, elevam o espírito democrático em que buscamos viver, pois a sociedade necessita mitigar as consequências da resolução de suas desavenças, por meio de quaisquer métodos. Deste modo, sentimo-nos impelidos à formar um grande desejo de mudança, mesmo que seja esta pequena centelha, mas além de tudo um valioso acervo de técnicas e conhecimentos que levaremos para toda a vida a partir daquela experiência vivenciada em aula", finalizou Marcelo.