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Feira de Economia Solidária: Um facilitador da aprendizagem por meio da Metodologia do Aprender Fazendo

Publicado por: Campus Várzea Grande / 25 de Abril de 2019 às 15:35

(Relato da Professora Coordenadora do Projeto: Elizabete Maria da Silva)

O Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública, do IFMT Campus Várzea Grande, possui em seu projeto Pedagógico, no quarto semestre, a disciplina de Economia Solidária. Buscando contribuir com o aprendizado dos alunos de forma prática, na metodologia do “aprender fazendo”, no segundo semestre de 2017 foi criado o projeto “Feira de Economia Solidária”. A proposta foi um sucesso já na primeira edição, criando expectativas positivas nas turmas seguintes.

Nesse semestre (primeiro de 2019), os alunos se desdobraram no desenvolvimento das atividades, exercitando todo o aprendizado adquirido na observação das edições anteriores do evento, bem como dos conhecimentos adquiridos na sala de aula. A perspectiva é que as próximas turmas avancem muito mais, criando um processo de irradiação na comunidade no arredor do instituto, propiciando o surgimento de grupos empreendedores e contribuindo no aumento da estima dos existentes.

O fator preponderante desses eventos é o aprendizado dos alunos que, como futuros gestores públicos, vão se imbuindo do caráter inclusivo da proposta da Economia Solidária, que é definida como um conjunto de atividades econômicas que envolve a produção, distribuição, consumo, poupança e crédito. Essas atividades são organizadas na forma da autogestão e possui um conjunto de práticas sociais inclusivas e cooperativas. É uma proposta de desenvolvimento endógeno, onde o fator preponderante e impulsionador do crescimento econômico é o capital social e humano existente no local. Parte do princípio que ninguém pode ser excluído de um espaço na economia, visto todos terem algo a oferecer em troca do que necessita. Pela sua relevância, na geração de renda e inclusão produtiva, para aqueles que se encontram à margem do sistema, tem sido apropriada pelo poder público como uma proposta de política pública em diversas regiões do país. Em alguns municípios e estados brasileiros, inclusive em Mato Grosso, já foi aprovada e implementada a lei de economia solidária, que força a previsão de recursos públicos para o desenvolvimento das atividades de grupos empreendedores desse setor.

Segundo depoimento do aluno Genilson Ramos Ferreira, que foi um dos responsáveis pelo processo de trocas durante a VI Feira, por meio do Banco Cajueiro, cuja moeda era o caju, instrumentos criados especificamente para o evento desse semestre, a compreensão sobre o sistema financeiro real foi ampliado por meio da organização das atividades, pois foi fácil ver como gira o dinheiro e as mercadorias na economia de mercado. A equipe escolheu o nome do Banco “Cajueiro” por causa da fruta caju que é típica da região. Segundo o aluno “foram impressas moedas cajus no valor de 2,50 e 10,00 cajus, que totalizou 3.400 moedas, com o objetivo de propiciar a comercialização por meio das trocas. O processo funcionou por meio da divulgação da equipe, membros do Banco, em todas as unidades do Instituto, para apresentarem o banco e a moeda e chamar todos, alunos e funcionários, para participarem. Os participantes deveriam trazer produtos para trocar pela moeda caju, com o objetivo de usar essa moeda no dia da feira para adquirir outro produto do seu gosto. Todos/as empreendedores/as que comercializaram seu produto na feira, com a moeda real, realizou uma doação do seu produto para o banco cajueiro, que só comercializou por meio da moeda caju”.

As alunas Dayane Mendonça Comunello e Vânia Ibanez Costa, destacaram que “a feira é um local de lazer onde as pessoas podem se encontrar, conversar, socializar, fazer compras e também de conscientização, que acontece por meio das trocas de produtos”. Segundo as alunas, a possibilidade da troca evita o desperdício e o acumulo de dejetos no meio ambiente, pois, o que alguém não usa mais, pode ser bem aproveitado por outra pessoa. Ainda segundo as alunas “há um fortalecimento de vínculos comunitários, por meio de ação de comercialização e de lazer, propiciado pelos eventos culturais, típicos dessas feiras. Bem como o fomento de uma cultura de consumo responsável para que os cidadãos/consumidores entendam a importância de comprar diretamente de pequenos produtores e artesãos locais, organizados democraticamente e, assim, participarem da escolha de um desenvolvimento alternativo ao existente atualmente, um desenvolvimento que privilegia o ser humano de forma integral, que é o desenvolvimento que nós queremos”.

Já o aluno Bruno Fernandes Ranieri Moreira destacou a importância do evento no resgate da cultura mato-grossense. Com apresentações culturais do estado, integrou-se duas das manifestações folclóricas mais típicas da região pantaneira, o Cururu e o Siriri. Segundo o aluno, essas atividades culturais poderiam ter sido extintas, se não fosse pela dedicação de gerações e gerações, em passar para frente os versos, passos e sequências que fazem parte da cultura popular de Mato Grosso. O aluno descreve as apresentações apaixonadamente:

O grupo formado pala Associação Caminhando Para Mais um Sonho – ACAMIS se apresentou na feira com uma bela apresentação de Siriri, que é uma dança folclórica da região, levando o público ao delírio. Com suas vestimentas típicas e sua dança com vários passos, com os homens, colocando os braços nas costas enquanto as mulheres mexem sua saia, tendo vários outros movimentos, como se eles estivessem brincando, a apresentação encheu de orgulho o público, que pôde sentir a emoção de reviver um pouco da nossa história.
O grupo de capoeira Brasil Dendê apresentou um pouco da Cultura Brasileira que mistura arte marcial, esporte, cultura popular, dança e música, onde foi feita uma roda de capoeira que animou e trouxe o público junto numa mesma sintonia, foi sensacional. Essa arte que foi desenvolvida no Brasil, por descendentes de escravos africanos, que foram trazidos pelos Portugueses, para serem explorados em nosso país, representa um pouco das raízes desse povo, que praticavam a capoeira em suas senzalas para lembrar de sua cultura.
Na feira teve outras apresentações, mas fiquei muito empolgado com o grupo formado por criança e adolescentes, que apresentou as danças típicas da região, em uma bela apresentação de siriri e cururu, utilizando o símbolo da Cultura Mato-grossense que é a viola de cocho. Essa emite um som único, de um povo que luta para manter suas tradições. O cururu é muito lembrado e dançado em festas do Divino e de São Benedito. Houve uma apresentação de dança do ventre para abrilhantar nossa feira que foi um sucesso em todos os aspectos, levando cultura para os alunos e funcionários do Instituto, bem como para os moradores dos arredores, propiciando um momento de lazer em família.

É claro, pelo relato dos participantes, que o evento atingiu as expectativas, contribuindo na apreensão e valorização do capital existente no local. Capital que foi expresso por meio da cultura, produção, comercialização, entre outros. Portanto, é possível afirmar que houve aprendizado, por parte dos participantes, principalmente dos alunos organizadores do evento. Fica o desafio para as próximas turmas, que é superarem, sempre, a turma anterior, por meio do aprendizado adquirido com erros e acerto desses.

Veja mais fotos: IV Feira de Economia Solidária - 11 de abril de 2019 

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